De repente me encontrei caminhando ao longo de uma extensa praia de areia que se esticava além do horizonte.
Desde então me vi numa caminhada contínua beirando o mar.
Pés na areia, passos incessantes.
Nessa praia eu criei a oportunidade de ocasionalmente me entreter e construir coisas aleatórias de areia;
às vezes um castelo, às vezes um buraco, às vezes algo que eu nem sabia que poderia existir.
Mas sempre algo diferente, transformando a areia encontrada pelo caminho.
A areia abundante foi sendo a matéria prima para minha imaginação e oportunidades.
Ao longo do extenso caminho eu fui construindo e deixando os pequenos montes, os castelos e as esculturas que aos poucos fizeram da minha praia uma caminhada interessante e variada.
Caminhei por muito tempo, fui bem longe na minha extensa jornada beirando o mar, me entretendo com todas as formas que produzi, com a areia que eu transformei. A areia me permitiu trazer a imaginação para o mundo concreto.
Quando um dia eu resolvi parar e olhar para trás e contemplar o caminho que percorri, considerando um dia voltar e coletar todas as marcas que eu fui deixando para trás, eu vi que o mar, assim como o tempo, veio e varreu para dentro de si todas minhas esculturas, meus castelos, meus montes e criações.
Desapareceram todos, levados pela fome das ondas e do tempo.
A essa altura eu já me sentia cansado, então percebi que havia concluído minha caminhada e talvez fosse o momento de juntar toda minha coleção.
Porém não havia nada em vista para o qual voltar.
Tudo o que foi feito e vivido só existia agora na minha memória e talvez, de alguma forma, dentro daquele vasto oceano.
Para mim então não restava nada a fazer, a não ser me lançar ao mar, e me unir aos meus grãos de areia.
(Alessandro Casella, 2024)
Meus Grãos de Areia
Alguns grãos de areia que vem escorrendo através do tempo na ampulieta da minha vida tomaram formas, e assim posso compartilhar aqui nesse site alguns de meus feitos e realizações. Compartilho os pequenos grãos que me distraem, que contam sobre o meu tempo e a minha vida, enquanto passo por esse mundo.
Viagens & Aventuras – Bike Touring – Canoagem – Trekking – Montanhismo – Parapente – Road Trips – Mapeamento de Trilhas – Vídeo & Fotografia – Ilustrações – Crafts – Marcenaria – Maker Workshop – Invenções – Receitas – Literatura – Pessoas que Conheci – Curiosidades que vivi.
Esse site está em construção. Tem muita coisa que não está Pronta ainda 😉
O QUE ESTOU FAZENDO AQUI?
Eu já fui terra, areia, vento, fogo de fogueira, suco de manga, saliva de peixe e semente de mamão, dentre milhares de milhões de outras coisas. Para ser mais claro, vou definir o que seria esse “Eu”: Todas as menores peças que hoje compõem o meu corpo, as minúsculas partes, já foram um tanto de coisas. Átomos emprestados, desmontados e remontados como peças de Lego reutilizadas infinitamente pela natureza. A parte física, material, o “Eu” físico que hoje é o corpo onde estou, é isso: “Peças de Lego montadas”, temporariamente alocadas ao meu corpo. Vieram constituir o meu corpo através do alimento que eu ingeri e do ar que respirei.
Porém, essencialmente, EU sou a consciência que observa e percebe o mundo através de todas as percepções e sentidos desse corpo que interage com esse mundo. EU, essa consciência, habita esse corpo que me transporta e me sintoniza nessa realidade, nesse planeta.
É possível que essa consciência que eu acho que sou, deve já ter sido infinitamente somada e misturada com tantas outras, como gotas de água que voltam a se juntar e formam um oceano. Esse meu momento, de união da consciência que sou mais o corpo no qual eu me manifesto, algo como uma fração de energia tirada de uma fonte maior para conduzir esse meu corpo, é a oportunidade que o infinito tem de ser um ponto de vista de si mesmo.
Assim como tudo que é vivo, sou uma fração ínfima do próprio infinito se enxergando. É muito provável que do jeito que essa combinação existe agora, combinação de corpo e energia, nunca foi antes e nunca vai ser após esse corpo se desfazer. Sendo assim, a única certeza, mesmo sendo ilusão, é que aqui estou. E estando, eu busco o que posso experimentar, criando, realizando e sorvendo tantas possibilidades de aqui estar, e aqui temporariamente ser.
(Alessandro Casella, 2023-04-02)