Bike Campinas > Itajubá 260 km em um dia
Nessa época eu não tinha GPS para registrar. Apenas um velocímetro digital, o Cat Eye Vectra, com o qual fui marcando as distâncias. Fui anotando num papel que depois guardei. Nem fotos eu fiz nesse dia.
Saí de minha casa em Campinas às 5:05 horas da manhã, de mountain bike, e segui em direção a Mogi Mirim e Itapira pela SP-340, passando por Jaguariúna logo cedo.
De Itapira segui para Jacutinga, depois Ouro Fino onde fiz uma parada um pouco mais longa para comer um lanche, e depois segui para Borda da Mata e Pouso Alegre, onde a quilometragem já tinha chegado nos 200 km. Isso tudo ainda no mesmo dia. De Pouso Alegre faltava “só” mais 60 km até Itajubá. Foi então que veio uma chuva muito forte, tempestade mesmo, por pelo menos uma meia hora, o que deixou o trajeto mais perigoso, pois diminui bastante a minha visibilidade para os motoristas. Nessa época eu não tinha lanterninha, nem luz vermelha piscando. Era na sorte mesmo. Seguindo pelo acostamento, escutando pra sentir se nenhum veículo se aproximasse demais.
Quando passei Pouso Alegre, deu vontade de tomar uma Coca-Cola, então para me incentivar, estabeleci que iria tomar a coca gelada na Barraca Vermelha, em Piranguinho, a 10 km de Itajubá.
Passei direto por Santa Rita do Sapucaí, apesar de lá ter Coca. Só em Piranguinho! E na Barraca vermelha!
Peguei chuva nesse trecho todo, desde pouco depois de Pouso Alegre até depois de Santa Rita.
Eu sabia que faltava pouco para chegar na Barraca Vermelha. O sol já estava se pondo e a chuva já tinha parado, e o tempo estava abrindo, dando aquela clareada cristalina logo antes do sol se por. Eu estava na última reta chegando na Barraca Vermelha, salivando pelo doce gelado da Coca-Cola. E lá na frente, na reta da estrada, no ponto alto onde estava a Barraca Vermelha, eu vi uma movimentação, com luzes piscantes de giroflex de polícia e bombeiro. E me aproximando vi um caminhão dos bombeiros. Cheguei junto e parei, olhando a cena acontecendo na minha frente: Uma enorme figueira foi derrubada pela tempestade em cima da Barra Vermelha, e amassou ela como uma caixa de papel. Os bombeiros estavam naquele momento puxando uma senhora pelos braços, tirando ela por baixo da barraca. Sem condições de comprar uma Coca na Barraca Vermelha. Felizmente a Barraca Azul estava uns 500 metros mais à frente e lá eu tomei minha coca gelada.
Mais 10 km e cheguei na Praça central de Itajubá, às 19:20 h. Chegando lá parei a bicicleta e coloquei os dois pés no chão. Sorrindo. Com a bicicleta entre minhas pernas. A distância acumulada no computadorzinho registrou 260 km. O Rodrigo, primo do Miranda, chegou junto e me cumprimentou:
– “Fala Casella, tá chegando agora?”
– “Sim, acabei de chegar.
– “Eu não vi você passar de carro aqui.”
-“Eu não vim de carro”, eu disse sorrindo de orelha a orelha.
-“Ué, o busão chegou mais cedo hoje?”
-“Eu não vim de busão”
O Rodrigo deu dois passos pra trás pra me olhar inteiro: Eu moído, sujo e molhado em cima da bicicleta. Incrédulo ele apontou pra bike, pra mim e com os olhos arregalados perguntou: “Você veio de bike?!?!?”
Com muita alegria respondi que sim. Saí às 5 horas da manhã de Campinas e cheguei às 7 horas da noite em Itajubá, batendo meu recorde pessoal de distância de bicicleta em um dia, até hoje não superado, de 260km.
Campinas > Itapira > Jacutinga > Ouro Fino > Borda da Mata > Pouso Alegre > Sta Rita do Sapucaí > Itajubá
Início: Campinas SP 05:00h
Final: Itajubá MG, 19:00h
Distância Percorrida: 260 km
1 hora de descanso para lanche no almoço e uma hora distribuida em várias paradas.