Trekking West Highland Way, Escócia (5 dias, 156 km)

Trekking West Highland Way, Escócia 21 a 25 de Agosto, 2006 - Alessandro e Juarez.

Caminho entre as montanhas das terras altas escocesas, as “highlands”.

Dia 1

Início: Milgavie (Região noroeste de Glasgow)

Final: Balmaha

Distância Percorrida: 31.7 km

Total Acumulado: 31.7 km

Subida Total: 815 m

Descida Total: 858 m

Ganho de altitude: – 43 m

Milgavie > Balmaha

O inicio do caminho West Highland Way (Caminho Oeste das Terras Altas) começa na cidade de Milgavie, na região noroeste de Glasgow.

Incialmente nós iriamos carregar nossas mochilas no caminho, mas  fomos informados na pousada, na noite antes do início da trilha, que existe um serviço que pega a sua mochila na pousada, camping ou hotel onde você dormiu e leva numa van e deixa no seu próximo destino. Basta deixar anotado na etiqueta na mochila qual o nome do teu próximo local de pernoite. Reolvemos utilizar esse serviço, que custou 36 libras esterlinas para os 5 dias. Valeu muito a pena, pois durante o dia levamos então apenas uma pequena mochila cada um com água, comida e coisas extras como blusa de frio e capa de chuva. A caminhada assim foi bem mais leve e relaxada.

Dia 2

Início: Balmaha

Final: Loch Lomond

Distância Percorrida: 36.2 km

Total Acumulado: 67.9 km

Subida Total: 893 m

Descida Total954 m

Ganho de altitude: 61 m

Balmaha > Loch Lomond > Inversnaid > Inverarnan

Tivemos sorte com o clima. Nessa época do ano costumava chover bastante. Apesar do calor, a temperatura tem sido bem amena.

Dia 3

Início: Inverarnan

Final: Bridge of Orchy

Distância Percorrida: 31 km

Total Acumulado: 98.9 km

Subida Total: 840 m

Descida Total699 m

Ganho de altitude: – 141 m

Inverarnan > Tyndrum > Bridge of Orchy

Tivemos uma experiência surreal hoje. No meio da tarde estávamos passando por uma região bem aberta, num vale amplo, em meio às montanhas. E eu comecei a escutar, como se fossem trechos trazidos pelo vento, o som de música tocada na gaita de fole, tradicional instrumento escocês. Comentei com o Juarez para entender se ele também estava escutando. Inicialmente ele disse que não, mas depois de alguns minutos ele confirmou que também estava escutando. Mas era tão fraco e de tão longe, que não dava pra saber de onde vinha. Realmente era música trazida pela briza. Independente da origem do som, aquele experiência estava sendo especial e maravilhosa, pois estávamos andando por um vale lindo nas highlands escocesas e estávamos escutando de fundo, como uma trilha sonora editada em nossa caminhada, música de gaita de fole.
Na medida em que avançamos pelo vale a música foi ficando mais forte e mais nítida. A trilha então descia numa espécie de ravina, onde ia passar por baixo de uma linha do trem, sob uma ponte, e descendo por lá o som foi ficando mais alto. Foi lá então que encontramos, assim que passamos por baixo da linha do trem, um garoto treinando com a gaita de fole. Ele parou e nos cumprimentou, e eu cumprimentei de volta e logo em seguida agradeci por ele estar lá. De cara ele não compreendeu, mas logo expliquei que ter caminhado naqueles últimos 10 ou 15 minutos, pelo caminho escutando a música de gaita que fole que ele estava tocando, tinha feito da experiência algo realmente especial.
Depois de um bate papo, cada um voltou à sua atividade. Ele continuou ensaiando e nós dois andando pela trilha. Seguimos caminhando e nos distanciando, e com isso o som foi ficando mais distante e se dissolvendo em ecos por essa maravilhosa região de montanhas escocesas.

Dia 4

Início: Bridge of Orchy

Final: Kinlochleven

Distância Percorrida: 33.8 km

Total Acumulado: 132.7 km

Subida Total: 912 m

Descida Total1043 m

Ganho de altitude: 131 m

Bridge of Orchy > Kinlochleven

Hoje a experiência marcante foi o encontro com os borrachudos escoceses, conhecidos como “midges”. Se para o bicho pega! Esses mosquitos minúsculos com picadas de agulha doídas vivem em meio aos heathers, que são os arbustos de florzinhas roxas bem típicos aqui da Escócia. Os arbustos de heather (urze, traduzido) e os midges infestam a região. Se você ficar parado, eles atacam. Pousam em você logo te enchem de picadas. Mas são picadas bem doídas mesmo, como s borrachudos de Ilha Pela, no litoral paulista do Brasil.
As paradas tiveram que ser muito breves. Tipo, só parar para abrir a mochila, pegar o lanche, fechar e seguir andando, comendo em movimento. Isso se agravava nas áreas mais abundantes de heathers.

Dia 5

Início: Kinlochleven

Final: Fort William

Distância Percorrida: 23.7 km

Total Acumulado: 156.4 km

Subida Total: 751 m

Descida Total762 m

Ganho de altitude: – 11 m

Kinlochleven > Fort William

Nesse dia nos juntamos a Rose a outras duas garotas que estavam fazendo o caminho e com quem cruzamos no caminho algumas vezes nesses últimos dias. A Rose é escocesa, filha de mãe filipinas e pai Escocês, e as duas garotas inglesas, uma gerente de hotel e a outra policial.

O dia amanheceu ensolarado, mas na parte da tarde, quando estávamos na segunda metade do trecho de hoje o céu ficou mais encoberto. Já nos aproximando da região de Fort William nós passamos perto da base do Ben Nevis, que é a montanha mais alta da Escócia, Reino Unido e Gran Bretanha, com 1.345 metros acima do nível do mar. Infelizmente com o clima de chuvisco e nuvens baixas não foi possível ver a montanha que estava do nosso lado, à direita da trilha.

Chegamos em Fort William no meio da tarde.

Alessandro, Rose e Juarez (os dois trajando kilts), curtindo a noite de Edinburgo em comemoração ao término da trilha West Highland Way.

Nossa comemoração foi de volta em Edinburgo, onde saímos trajando nossos kilts. O kilt escocês consiste em vestir a “saia” mais o sporran, que é essa espécie pochete que se usa em conjunto, sempre. A tradição do kilt é uma coisa muito bonita, e apesar da “tiração de sarro” de muita gente que desconhece a tradição, rindo de “homem vestindo saia”, na Escócia isso é muito bem visto; É um dos alicerces culturais de resistência ao domínio inglês em séculos passados. Em relação às cores e padrões de tecelagem dos kilts, cada clan tem seu padrão. Não é aleatório, e nem por preferência que se usa determinado padrão de cor e tecelagem de kilt. Aliás, o padrão se chama “tartan”, e cada clan tem seu tartan único. Os kilts legítimos são feitos de lã e são relativamente pesados, pois a lã é bem densa. Vale informar que eu e o amigo Juarez temos ancestralidades Escocesas. A minha mãe nasceu na Escócia, e toda a familia por parte dela tem origem na Escócia, Irlanda e até mesmo França. Os meus ancestrais faziam parte dos Clans MacKays e MacLeod. Já o Juarez teve ancestrais na Ilha de Barra, na costa oeste da Escócia, e esses fazem parte do clan MacNeill. 
Nós fomos comemorar a realização e término de caminhada pelo West Highland Way, trajando orgulhosamente nossos kilts, em companhia da querida amiga Mary Rose. Cheers!