2022 EuroBike Tour (simples)
EuroBike Tour 2022
4150 km de bicicleta, 4 meses
Portugal – Espanha – França – Suíça – Itália – Croácia – Eslovênia – Hungria – Slovakia – Austria – Czechia – Alemanha – Bélgica – Holanda
4150 km de bicicleta, 4 meses
Portugal – Espanha – França – Suíça – Itália – Croácia – Eslovênia – Hungria – Slovakia – Austria – Czechia – Alemanha – Bélgica – Holanda
Alessandro Casella, Du e Nicky
Início da viagem: Parque Taquaral, Campinas
Final do dia: Bragança Paulista
Distância Percorrida: 77.2 km
Quando estávamos no saguão do hotel, fazendo o check in, vimos na televisão a noticia de que este havia sido o dia mais quente do ano até então.
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Início: Cananéia, SP
Final: Vila de Superagui, PR
Distância Percorrida de Bicicleta: 41.1 km
Total Acumulado: 41 km
Eu fui de ônibus da rodoviária da Barra Funda em São Paulo até Cananéia, e levei a bicicleta no bagageiro do ônibus.
De Cananéia eu embrquei numa escuna que levou 3 horas para percorrer 37 km até a vila de Marujá, na Ilha do Cardoso. De lá eu saí pedalando pela praia de fora na direção sul, até o pontal sul da ilha. Lá eu fiz contato com um pescador que me levou em seu barco de alumínio até o outro lado do canal. Esse canal marca a divisa de estados de São Paulo e Paraná. Do outro lado do canal eu cheguei na Ilha do Superagui, já no litoral paranaense.
A praia nessa extensão toda tem setores de areia dura (compactada), o que viabiliza o pedal. Dando pra manter uma boa média de velocidade sem muito esforço, já que é tudo plano.
Pedalei até a vila de Superagui. No pontal logo antes de chegar na vila a areia da praia ficou bem mais fofa, o que me fez ter de empurrar a bicicleta por um trecho considerável, até chegar na vila. Quando cheguei lá o meu pneu furou, espetado por um espinho de peixe que estava na areia.
A areia maltrata bastante os componentes da bike, por isso é importante limpar tudo e lubrificar todos os dias quando se pedala na praia.
Início: Vila de Superagui, Ilha do Superagui PR
Final: Praia de Encantadas, Ilha do Mel PR
Distância Percorrida: 12.3 km
Total Acumulado: 53.4 km
Peguei carona de barco e atravessei do Superagui até a Ponta dos Bichos, na Ilha do Mel, e fui pedalando em direção a Encantadas, passando por Brasília. mas cheguei num ponto que não dava para continuar de bicicleta, então voltei para a vila de Brasília e de lá fui de barco até a vila de Encantadas.
Início: Encantadas, Ilha do Mel PR
Final: Encantadas, Ilha do Mel PR
Distância Percorrida Trekking volta da Ilha: 30 km
Eu me encontrei com o casal de amigos alemães que estavam visitando o Brasil, Aurelia e Hans, e fomos fazer um trekking de volta da parte norte da Ilha do Mel. A paisagem pelo caminho é muito bonita, e apesar de ser um percurso longo, de 30 km, é tudo plano. Na parte mais norte da Ilha existe algumas casas de pescadores e lá é possível encontrar ostras frescas para comprar e consumir lá mesmo. Experiência muito legal de encontrar “no meio do nada” um lugar para comer ostras frescas.
Início: local
Final: local
Distância Percorrida: x km
Total Acumulado: x km
Total de Subida: x m
Total de Descida: x m
Ganho de altitude: x m
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Nessa época eu não tinha GPS para registrar. Apenas um velocímetro digital, o Cat Eye Vectra, com o qual fui marcando as distâncias. Fui anotando num papel que depois guardei. Nem fotos eu fiz nesse dia.
Saí de minha casa em Campinas às 5:05 horas da manhã, de mountain bike, e segui em direção a Mogi Mirim e Itapira pela SP-340, passando por Jaguariúna logo cedo.
De Itapira segui para Jacutinga, depois Ouro Fino onde fiz uma parada um pouco mais longa para comer um lanche, e depois segui para Borda da Mata e Pouso Alegre, onde a quilometragem já tinha chegado nos 200 km. Isso tudo ainda no mesmo dia. De Pouso Alegre faltava “só” mais 60 km até Itajubá. Foi então que veio uma chuva muito forte, tempestade mesmo, por pelo menos uma meia hora, o que deixou o trajeto mais perigoso, pois diminui bastante a minha visibilidade para os motoristas. Nessa época eu não tinha lanterninha, nem luz vermelha piscando. Era na sorte mesmo. Seguindo pelo acostamento, escutando pra sentir se nenhum veículo se aproximasse demais.
Quando passei Pouso Alegre, deu vontade de tomar uma Coca-Cola, então para me incentivar, estabeleci que iria tomar a coca gelada na Barraca Vermelha, em Piranguinho, a 10 km de Itajubá.
Passei direto por Santa Rita do Sapucaí, apesar de lá ter Coca. Só em Piranguinho! E na Barraca vermelha!
Peguei chuva nesse trecho todo, desde pouco depois de Pouso Alegre até depois de Santa Rita.
Eu sabia que faltava pouco para chegar na Barraca Vermelha. O sol já estava se pondo e a chuva já tinha parado, e o tempo estava abrindo, dando aquela clareada cristalina logo antes do sol se por. Eu estava na última reta chegando na Barraca Vermelha, salivando pelo doce gelado da Coca-Cola. E lá na frente, na reta da estrada, no ponto alto onde estava a Barraca Vermelha, eu vi uma movimentação, com luzes piscantes de giroflex de polícia e bombeiro. E me aproximando vi um caminhão dos bombeiros. Cheguei junto e parei, olhando a cena acontecendo na minha frente: Uma enorme figueira foi derrubada pela tempestade em cima da Barra Vermelha, e amassou ela como uma caixa de papel. Os bombeiros estavam naquele momento puxando uma senhora pelos braços, tirando ela por baixo da barraca. Sem condições de comprar uma Coca na Barraca Vermelha. Felizmente a Barraca Azul estava uns 500 metros mais à frente e lá eu tomei minha coca gelada.
Mais 10 km e cheguei na Praça central de Itajubá, às 19:20 h. Chegando lá parei a bicicleta e coloquei os dois pés no chão. Sorrindo. Com a bicicleta entre minhas pernas. A distância acumulada no computadorzinho registrou 260 km. O Rodrigo, primo do Miranda, chegou junto e me cumprimentou:
– “Fala Casella, tá chegando agora?”
– “Sim, acabei de chegar.
– “Eu não vi você passar de carro aqui.”
-“Eu não vim de carro”, eu disse sorrindo de orelha a orelha.
-“Ué, o busão chegou mais cedo hoje?”
-“Eu não vim de busão”
O Rodrigo deu dois passos pra trás pra me olhar inteiro: Eu moído, sujo e molhado em cima da bicicleta. Incrédulo ele apontou pra bike, pra mim e com os olhos arregalados perguntou: “Você veio de bike?!?!?”
Com muita alegria respondi que sim. Saí às 5 horas da manhã de Campinas e cheguei às 7 horas da noite em Itajubá, batendo meu recorde pessoal de distância de bicicleta em um dia, até hoje não superado, de 260km.
Início: Campinas SP 05:00h
Final: Itajubá MG, 19:00h
Distância Percorrida: 260 km
1 hora de descanso para lanche no almoço e uma hora distribuida em várias paradas.
em construção
Os meus amigos Carlos André (in memorian) e Cristiano eram meus parceiros de pedaladas. A gente tinha 19 anos de idade. O Cristiano tinha uma casa na praia da Maranduba nos anos 90, onde a gente costumava ir no verão. Ninguém tinha experiência com viagem de bicicleta, mas a gente tinha comentado algumas vezes de fazer uma pelo litoral. Então em Julho de 1992 a gente foi pedalando nossas mountain bikes de Maranduba, a praia mais ao sul de Ubatuba, até Castelhanos, no lado de fora de Ilhabela. Foi um percurso de ida e volta.
A gente não tinha acesso aos equipamentos que existem hoje, então muita coisa a gente improvisou mesmo. Muita coisa foi embalada em sacos de lixo, os “sanitos”, pra não molhar em caso de chuva e respingos de poças d’água. A comida foi a base de frutas, miojo, e lanches em padarias e lanchonetes. Panelinha velha, caneca, garrafas de água daquelas antigas azuis (acho que nem de PET eram), fogareiro e lampião de cartucho. Lanternas fracas, mas que quebravam um galho. Talheres pegos emprestados das cozinhas de nossas mães. Tudo equipamento improvisado. As roupas eram as comuns mesmo, nada de roupa especializada como se tem hoje. Hoje você entra numa loja da Decathlon e se equipa inteiro até que sem precisar gastar tanto. Naquela época não tinha disso. Equipamento especializado era normalmente caro, importado e difícil de achar. As poucas fotos, registros da viagem, foram feitas com uma máquina fotográfica de filme mesmo. Daquelas de 24 ou 36 poses que te faziam ficar pensando muito antes de fazer uma foto, se valia a pena ou não. A revelação depois era cara.
O percurso no mapa era seguir as linhas que ligavam as bolinhas representando as cidades, sem grande detalhes. Saúde e disposição a gente tinha de sobra. E levava um pouco de dinheiro contado no bolso. E assim a gente foi!
Dia 1 – Aprox. 55 km.
Saímos de manhãzinha de Maranduba, passamos por Caraguatatuba e fomos até a balsa em São Sebastião. Lá a gente atravessou pra Ilhabela, e pernoitamos em um Camping que hoje (2024) não existe mais (tinha um muro extenso de pedra, ficava perto de um rio, na Av. Pedro de Paula Moares).
Dia 2 – Aprox. 23 km, com uns 740 metros de desnível de subida.
Fomos do Camping da vila até o outro lado da Ilha, até a Praia de Castelhanos. Esse trecho foi o mais forte da viagem toda (e na volta também), pois a gente estava com as bikes pesadas e a subida até o ponto mais alto é constante. Quase que uns 11 km de extensão subindo sem nenhum platô para aliviar o pedal. Em estrada de terra, molhada e escorregadia. Em compensação, depois de passar o ponto mais alto da travessia, a descida foi um alívio, mas tensa também, por conta da terra escorregadia. Chegamos na praia de Castelhanos muito contentes com a sensação do feito, e apreciando a beleza da praia e seus entornos, com riachos de água fresca, muita vegetação exuberante, e areia limpinha. A praia de Castelhanos naquela época, nos anos 90, ainda era bem “virgem” e livre de construções. A beleza da praia foi nossa recompensa. No final da tarde passamos o perrengue tradicional de quem vai pra Ilhabela, que é o ataque dos borrachudos. Me lembro subindo no alto de uma árvore para tentar me afastar deles. E por falar em alto da árvore, a noite a gente transferiu e pendurou nossas bikes no alto de uma árvore, para evitar roubo enquanto a gente dormia, já que a gente não tinha cadeados. A barraca foi armada na areia da praia mesmo, debaixo de umas árvores.
Dia 3 – Aprox. 80 km, com uns 740 metros de desnível de subida.
A gente acordou no dia seguinte e depois de curtir um pouco a praia a gente resolveu voltar, porque estava frio e ventando bastante. Não tinha muito clima pra curtir a praia. Embalamos tudo de logo na saída o Carlos descobriu um pneu furado, então a gente parou pra ele trocar a câmara. Me lembro eu esperando ele arrumar e eu estava sendo atacado por um monte de borrachudo, logo pela manhã. Eu tentei me enterrar na areia pra fugir das picadas.
Mais um perrengue pra subir e vender novamente o desnível de 740 metros de um lado pro outro da Ilha. Descemos do outro lado e fomos pro camping próximo à vila de Ilhabela mais uma vez. A noite fomos pedalar pela vila e explorar os arredores de bike.
Dia 4 – Aprox. 50 km
Saímos do camping de manhã e fomos direto pra balsa. Atravessamos pra São Sebastião e tocamos direto pra Caraguatatuba e em seguida Maranduba, de volta na casa do Cristiano.
Foi uma viagem marcante para nós. A gente se virou como pode, com nosso conhecimento limitado. Por exemplo, em um momento, depois de passar pela água do mar na areia da praia, minha corrente estava seca e sem lubrificação. E na casa do Cristiano eu coloquei óleo de cozinha na corrente da bike. Claro que ficou uma melequeira e não funcionou direito então quando a gente passou num posto o cara do posto colocou um óleo mais apropriado.
Acho que o mais importante é que naquela época a gente não se limitava por falta de equipamentos ou de infraestrutura. A gente tinha vontade de ir fazer então ia lá e fazia. As bicicletas eram o mais importante, e o resto a gente se virava. O meu bagageiro mesmo, eu fiz com varetas de alumínio. Panela, fogareiro, lampião, ia tudo pendurado pra fora, o que não cabia nas mochilas. O sentimento de compartilhar a aventura com amigos também era o mais importante. O companheirismo, a camaradagem, o respeito, consideração e zoação mútua. Um motivava o outro e um servia de exemplo por outro. Foi uma experiência muito legal que me fez pegar gosto pela ideia de poder viajar de maneira simples e minimalista.