2009-08-08a15 Trekking Ilha Grande
Trekking Ilha Grande, RJ 8 a 15 de Agosto, 2009
Dia 1
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Dia 2
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Relato por Eduardo Lima:
No dia 25 de dezembro de 2008, deixamos toda a família e o banquete do natal para uma aventura considerada por muitos uma loucura: Chegar ao cume da montanha mais alta das Américas, o Aconcágua na Argentina, com 6.962 metros de altitude.
A equipe foi formada por seis pessoas, eu (Eduardo Lima), Decio Ribeiro, Paulo Mazoco, Alessandro Casella, Juarez Rech e Adriano Buragas.
O começo foi como planejado pelo líder do grupo Paulo que já havia estado no cume antes por duas vezes.
Chegamos ao primeiro acampamento, Confluência, com 3.400 metros de altitude e la seguimos nossa programação de aclimatação a altitude. Subimos ate Plaza Francia a 4.250 metros e voltamos para dormir no 1º acampamento. Lá já começamos a sentir os primeiros efeitos da altitude, dor de cabeça, fadiga em fazer qualquer esforço e ate enjôo.
Depois de 2 dias seguimos para Plaza de mulas com 4.300m de altitude onde ficamos 2 dias fazendo alguns trekkings a lugares mais altos como Bonete com 5.050 metros e voltando para dormir na base para aclimatar.
Depois do grupo estar pronto para seguir subimos para para Nido de Condores, com 5.600 metros de altitude para armar acampamento, fomos mais ou menos com 15 kg na mochila cada um, mais 2,5kg de bota (cada pé). Depois de 6h e30m de trekking armamos acampamento debaixo de uma grande nevasca e temperatura de 6º negativos, voltamos a Plaza de mulas, o acampamento base do Aconcágua, para descansarmos mais um dia, aclimatar, e depois voltar a Nido no 9º dia de montanha com o resto das bagagens. Dessa vez para ficar. O plano era chegar descansar e seguir um dia depois para o acampamento de Cólera a quase 6.000 metros, porém o mal tempo com nevasca, frio e vento de 80km/h nos fizeram ficar por três dias dentro da barraca. Aí as dificuldades realmente começaram: Para cozinhar e beber água tínhamos que descongelar neve e tínhamos que beber de 5 a 6 litros de água por dia para amenizar os efeitos da altitude e também por que a perda de líquido é muito grande, só na respiração perdemos cerca de 2 litros por dia.
Dores de cabeça muito forte começaram a fazer parte do meu dia-a-dia. Por causa do frio a noite fora da barraca, o que inviabilizava nossa saída, usávamos garrafas de plástico para fazer xixi e para fazer o “número dois” usávamos sacos plásticos, dentro da barraca mesmo por causa do tempo horrível lá fora. Os sacos foram levados ate o acampamento base e deixado em um lugar apropriado, de acordo com as regras do Parque Aconcágua.
Durante os dias de nevascas ficamos com rádio ouvindo as conversar dos guardas-parque. A montanha estava um caos por causa da nevasca: Helicópteros, guardas-parque e muitos voluntários realizando resgates.
Em nossos 16 dias de montanha houveram cinco mortes e uma pessoa teve os dois pés amputados.
Quando a nevasca acabou saímos para o próximo objetivo o acampamento de cólera com quase 6.000 metros, porém no meio do caminho outra nevasca nos pegou e por motivos de segurança tivemos que armar acampamento um pouco antes de onde tínhamos planejado, ficamos em Berlin a 5.930 metros. Apesar de roupas, botas e luvas apropriadas, o Décio já estava com inicio forte de hipotermia e já não sentias seus dedos das mãos e dos pés. Por causa dessa nevasca nesse acampamento também ficamos por três noites. Nesse acampamento tivemos medo da expedição fracassar por causa do forte mal tempo.
O próximo passo já era o ataque ao cume e quando a tempestade acabou, com muita prudência em nosso 14º dia, saímos da barraca em direção ao cume as 04h30min da manhã com temperatura de 35º negativos.
Eu já estava havia dois dias com uma dor de cabeça forte e persisti em direção ao cume assim. Esse dia foi duro! A subida era forte e os efeitos da atmosfera rarefeita foram fortes. Nos últimos 500 metros eu senti um sono muito forte e tive que parar na neve quatro vezes para dormir. Era um sono profundo, porém meus companheiros diziam que não passava de 5 minutos o tempo que eu permanecia dormente. Para mim esses 5 minutos pareciam meia hora de sono profundo.
Depois de 14 horas de uma caminhada muito lenta e exaustiva, com muita dificuldade chegamos ao cume da montanha mais alta das Américas. A vista, a experiência e as amizades valeram cada passo.
A estatística do Aconcágua é que chegam ao cume somente 50% das pessoas, e com nossa equipe não foi diferente, chegaram ao cume somente três de nossa equipe de seis: Décio Ribeiro, Paulo Mazzoco e eu, Eduardo Lima.
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Caminho entre as montanhas das terras altas escocesas, as “highlands”.
Início: Milgavie (Região noroeste de Glasgow)
Final: Balmaha
Distância Percorrida: 31.7 km
Total Acumulado: 31.7 km
Subida Total: 815 m
Descida Total: 858 m
Ganho de altitude: – 43 m
O inicio do caminho West Highland Way (Caminho Oeste das Terras Altas) começa na cidade de Milgavie, na região noroeste de Glasgow.
Incialmente nós iriamos carregar nossas mochilas no caminho, mas fomos informados na pousada, na noite antes do início da trilha, que existe um serviço que pega a sua mochila na pousada, camping ou hotel onde você dormiu e leva numa van e deixa no seu próximo destino. Basta deixar anotado na etiqueta na mochila qual o nome do teu próximo local de pernoite. Reolvemos utilizar esse serviço, que custou 36 libras esterlinas para os 5 dias. Valeu muito a pena, pois durante o dia levamos então apenas uma pequena mochila cada um com água, comida e coisas extras como blusa de frio e capa de chuva. A caminhada assim foi bem mais leve e relaxada.
Início: Balmaha
Final: Loch Lomond
Distância Percorrida: 36.2 km
Total Acumulado: 67.9 km
Subida Total: 893 m
Descida Total: 954 m
Ganho de altitude: 61 m
Tivemos sorte com o clima. Nessa época do ano costumava chover bastante. Apesar do calor, a temperatura tem sido bem amena.
Início: Inverarnan
Final: Bridge of Orchy
Distância Percorrida: 31 km
Total Acumulado: 98.9 km
Subida Total: 840 m
Descida Total: 699 m
Ganho de altitude: – 141 m
Tivemos uma experiência surreal hoje. No meio da tarde estávamos passando por uma região bem aberta, num vale amplo, em meio às montanhas. E eu comecei a escutar, como se fossem trechos trazidos pelo vento, o som de música tocada na gaita de fole, tradicional instrumento escocês. Comentei com o Juarez para entender se ele também estava escutando. Inicialmente ele disse que não, mas depois de alguns minutos ele confirmou que também estava escutando. Mas era tão fraco e de tão longe, que não dava pra saber de onde vinha. Realmente era música trazida pela briza. Independente da origem do som, aquele experiência estava sendo especial e maravilhosa, pois estávamos andando por um vale lindo nas highlands escocesas e estávamos escutando de fundo, como uma trilha sonora editada em nossa caminhada, música de gaita de fole.
Na medida em que avançamos pelo vale a música foi ficando mais forte e mais nítida. A trilha então descia numa espécie de ravina, onde ia passar por baixo de uma linha do trem, sob uma ponte, e descendo por lá o som foi ficando mais alto. Foi lá então que encontramos, assim que passamos por baixo da linha do trem, um garoto treinando com a gaita de fole. Ele parou e nos cumprimentou, e eu cumprimentei de volta e logo em seguida agradeci por ele estar lá. De cara ele não compreendeu, mas logo expliquei que ter caminhado naqueles últimos 10 ou 15 minutos, pelo caminho escutando a música de gaita que fole que ele estava tocando, tinha feito da experiência algo realmente especial.
Depois de um bate papo, cada um voltou à sua atividade. Ele continuou ensaiando e nós dois andando pela trilha. Seguimos caminhando e nos distanciando, e com isso o som foi ficando mais distante e se dissolvendo em ecos por essa maravilhosa região de montanhas escocesas.
Início: Bridge of Orchy
Final: Kinlochleven
Distância Percorrida: 33.8 km
Total Acumulado: 132.7 km
Subida Total: 912 m
Descida Total: 1043 m
Ganho de altitude: 131 m
Hoje a experiência marcante foi o encontro com os borrachudos escoceses, conhecidos como “midges”. Se para o bicho pega! Esses mosquitos minúsculos com picadas de agulha doídas vivem em meio aos heathers, que são os arbustos de florzinhas roxas bem típicos aqui da Escócia. Os arbustos de heather (urze, traduzido) e os midges infestam a região. Se você ficar parado, eles atacam. Pousam em você logo te enchem de picadas. Mas são picadas bem doídas mesmo, como s borrachudos de Ilha Pela, no litoral paulista do Brasil.
As paradas tiveram que ser muito breves. Tipo, só parar para abrir a mochila, pegar o lanche, fechar e seguir andando, comendo em movimento. Isso se agravava nas áreas mais abundantes de heathers.
Início: Kinlochleven
Final: Fort William
Distância Percorrida: 23.7 km
Total Acumulado: 156.4 km
Subida Total: 751 m
Descida Total: 762 m
Ganho de altitude: – 11 m
Nesse dia nos juntamos a Rose a outras duas garotas que estavam fazendo o caminho e com quem cruzamos no caminho algumas vezes nesses últimos dias. A Rose é escocesa, filha de mãe filipinas e pai Escocês, e as duas garotas inglesas, uma gerente de hotel e a outra policial.
O dia amanheceu ensolarado, mas na parte da tarde, quando estávamos na segunda metade do trecho de hoje o céu ficou mais encoberto. Já nos aproximando da região de Fort William nós passamos perto da base do Ben Nevis, que é a montanha mais alta da Escócia, Reino Unido e Gran Bretanha, com 1.345 metros acima do nível do mar. Infelizmente com o clima de chuvisco e nuvens baixas não foi possível ver a montanha que estava do nosso lado, à direita da trilha.
Chegamos em Fort William no meio da tarde.
Nossa comemoração foi de volta em Edinburgo, onde saímos trajando nossos kilts. O kilt escocês consiste em vestir a “saia” mais o sporran, que é essa espécie pochete que se usa em conjunto, sempre. A tradição do kilt é uma coisa muito bonita, e apesar da “tiração de sarro” de muita gente que desconhece a tradição, rindo de “homem vestindo saia”, na Escócia isso é muito bem visto; É um dos alicerces culturais de resistência ao domínio inglês em séculos passados. Em relação às cores e padrões de tecelagem dos kilts, cada clan tem seu padrão. Não é aleatório, e nem por preferência que se usa determinado padrão de cor e tecelagem de kilt. Aliás, o padrão se chama “tartan”, e cada clan tem seu tartan único. Os kilts legítimos são feitos de lã e são relativamente pesados, pois a lã é bem densa. Vale informar que eu e o amigo Juarez temos ancestralidades Escocesas. A minha mãe nasceu na Escócia, e toda a familia por parte dela tem origem na Escócia, Irlanda e até mesmo França. Os meus ancestrais faziam parte dos Clans MacKays e MacLeod. Já o Juarez teve ancestrais na Ilha de Barra, na costa oeste da Escócia, e esses fazem parte do clan MacNeill.
Nós fomos comemorar a realização e término de caminhada pelo West Highland Way, trajando orgulhosamente nossos kilts, em companhia da querida amiga Mary Rose. Cheers!
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Acesse abaixo o site completo da expedição:
No site da expedição (www.remarateomar.com) eu compartilho detalhes e relatos diários da longa viagem de canoa canadense que eu, Alessandro Casella e o amigo Carlos Vageler, fizemos desde o interior do estado de São Paulo por rios e represas no Brasil, Paraguai e Argentina até chegar no mar.
Em 5 de junho de 1999, nós dois iniciamos por um rio em Campinas e percorremos remando 3.090 km até chegarmos em Buenos Aires na Argentina, 99 dias depois, em 11 de setembro de 1999. Nós remamos uma média de 37 km por dia. Dormimos acampando nas margens dos rios e represas, frequentemente no mato, e às vezes em áreas urbanas. Foi uma viagem exposta à natureza e seus imprevistos, exposta à vida ribeirinha, às pessoas mais diversas e diferentes costumes ao longo do caminho. Nós tivemos desafios diariamente, como percorrer a longa extensão no braço, resolver temas logísticos como onde acampar e pernoitar com segurança todas as noites, desafios de convívio, de abastecimento de mantimentos, e até mesmo os desafios dos riscos iminentes, tomando decisões tão importantes à nossa sobrevivência e integridade física em alguns momentos mais críticos.
Relato aqui desde o momento que deu origem a essa jornada e seu desenvolvimento para que a viagem pelos rios pudesse acontecer, até os relatos diários que na época eu e o Carlos escrevemos para o então website da viagem. Curiosidades sobre procedimentos da expedição, equipamento, alimentação, rotinas, fotos e mapas. Através dos textos e imagens que eu organizei para compartilhar, e quem sabe inspirar outros, você vai saber o que foi e como foi essa empreitada. Esta viagem está entre as mais longas expedições de canoa já realizadas na América do Sul, e foi um dos marcos de minha vida.
Além de ser uma satisfação dividir essa história, eu me sinto também no dever de compartilhar as informações e relatos apresentados aqui nesse site. Boa viagem!
Alessandro Casella, Março 2023
em construção