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Quem Sou Eu?

Subo e desço como as ondas, em picos e abismos. 

Teimo como os rios que desgastam as pedras e os caminhos por onde passam. Saio de um recipiente para outro maior, quando o último não é mais capaz de me conter. Posso aquecer como o vapor, fazer relaxar como o líquido fresco, ser frio como o gelo. Sumir  como infiltração. 

Contorno obstáculos, preencho vazios. 

Exerço maior pressão quando esquentado. 

Irrigo a terra e sou absorvido por ela. 

Apago o fogo e sou evaporado por ele. 

Limito-me com o ar. 

Não tenho forma definida. O que me define nos momentos são aqueles que me contém. Sou louco como uma tempestade espontânea, calmo como uma calmaria prolongada. Me apresento como nuvens escuras. Como nuvens claras. 

Como chuva forte ou apenas uma garoa. 

Sou um fator de instabilidade viajando no tempo. 

Faço ciclos. Tenho a capacidade de subir nas alturas e não menos me fixar com os pés na terra. Minha presença não é tão notada em horas comuns, mas faço falta e seco tudo quando me  ausento. 

Sou grande como oceanos imensos que cobrem vastas áreas, e sou tão pequeno como uma  lágrima no rosto triste de alguém querido. 

Sou a saliva que facilita a fala e seus argumentos. 

Sou a urina jogada fora, levando aquilo que não é mais útil ao ser que me bebeu. Faço parte da cuspida raivosa, e do beijo melado apaixonado. 

Tenho transparência, sou puro. 

Fluo como devo fluir. 

Percorro meu caminho que me molda e que eu moldo. Sou carregado por mim mesmo por onde  passo. 

Se gelado, sou escorregadio. Se líquido, sou insistente. Se evaporado, sobreponho grandes  alturas. 

Tento ser claro assentando as impurezas em mim contido. 

Sou raro como orvalho no deserto. 

Sou a água.

Alessandro Casella

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