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Vá pedalar por paixão, percorrendo caminhos debaixo de sol, da lua e de chuva, com vento e água na cara, ou com seu suor escorrendo pelo rosto, com poeira que já viajou por milênios por todo o planeta, te sujando, e abençoando o teu corpo. Use a energia fornecida pelos teus alimentos e pelo ar que você respira para alimentar distâncias desconhecidas, para pedalar nas trilhas, nas estradas, em viagens; E saiba então o que os pobres de espírito temem.

Vá navegar, remar, velejar ou mergulhar nas águas saturadas de vidas marinhas; Sinta o borrifo de frescor molhado na tua pele no calor de um dia de sol, ou sinta uma onda arrebentar em você e te encharcar por completo, enquanto você enfrenta uma tempestade e segue em frente, sorrindo; E descubra onde os deuses lavam suas almas.

Desça um abismo com coragem desbravadora, escale um rochedo ou uma montanha com a curiosidade e perseverança resiliente, ou pule das alturas seguro a uma simples corda; E conheça lugares onde apenas os anjos ousam pisar.

Voe silenciosamente sustentado por ventos que já percorreram toda a face da terra; Seja elevado pelo ar quente que acaricia o planeta com ternura e intensidade; E sinta através da brisa no teu rosto as carícias libertadoras de uma entidade invisível e caótica que te sustenta perto das nuvens, te mostrando o mundo lá de cima e fazendo arrepiar a tua espinha.

Uive por instinto para a lua cheia mística contemplando o véu prateado que cobre o vale numa noite de céu limpo. Num dia frio, de olhos fechados com a face voltada para o sol, consciente de que teu rosto está tão perto de uma estrela, sinta o calor de sua luz espantar os fantasmas das sensações ordinárias.

Interaja por completo com os elementos deste planeta, valorize a liberdade absoluta de simplesmente estar vivo num corpo sensível aos milagres dessa existência; E perceba com todas tuas sensações e sentidos o que a morte mais teme após teu nascimento.

(Alessandro Casella, 2023)